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A angústia da folha em branco

  • marlenerodriguessi
  • 30 de abr. de 2023
  • 1 min de leitura

Eu não nasci bafejada por um dom.

Gosto e sei fazer muitas coisas, mas nada suficientemente bem (ou, pelo menos, nada tão bem como vejo as pessoas brilhantes a fazê-lo ou como eu gostaria de fazer).

Nada em mim se desenvolveu sem muito esforço. Cantava razoavelmente bem, mas não o suficiente para me aventurar numa carreira na música sem formação (e o raio do solfejo, fez-me sempre desistir). Faço tricot e crochet mas as minhas peças saem sempre com defeito. E escrever? É o que mais gosto de fazer, mas não acho que a minha escrita seja brilhante. Ainda hoje encomendei "Chegou D. Reinaldo Pimpão e Acabou a Confusão", de Carlos Nuno Granja, que me suscitou enorme curiosidade depois de ler um artigo no "Público". Os excertos incluídos no artigo, pareceram-me verdadeiramente excecionais. Eu nunca seria capaz de escrever nada assim. Eu esforço-me imenso mas há algo com que se nasce ou não se nasce. Aquele "quê" que torna os especiais especiais.

Tenho me dedicado mais à escrita nos últimos meses. Depois de ter desistido de ser autora, após lançar o "À Conta da Família", voltei a bater às portas das editoras. É difícil não sentir a angústia de uma folha em branco. De imaginar histórias na minha cabeça que depois, passadas para o papel, não me parecem nada de especial. Inspirar-me em autores que admiro, como Luísa Ducla Soares, António Torrado ou Margarida Fonseca Santos, mas por vezes, isso ainda me faz sentir menor.

Sei que é uma questão de método, que, por vezes, não tenho o tempo necessário de colocar em prática. Mas, por vezes, penso que me falta o talento.

 
 
 

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